De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o estresse atinge 90% da população mundial. Apesar de prejudicar a qualidade de vida e ser capaz de enfraquecer o sistema imunológico quando em excesso, o estresse não é considerado doença – pelo contrário – é algo natural. “É uma reação do nosso organismo, nos preparando para lidarmos com alguma situação, com algo que nos demande um enfrentamento ou adaptação”, explica a psicóloga Selma Bordin.
Necessário na medida certa
Quem já passou por situações assim, sentiu a descarga de hormônios liberados, como a adrenalina e o cortisol. O coração acelera, os músculos se contraem, a respiração fica mais curta e a pressão arterial aumenta. “Essas alterações físicas são capazes de acelerar o tempo de reação e aprimorar o foco, podendo inclusive salvar vidas”, completa a psiquiatra clínica e terapeuta cognitivo comportamental Maria Fernanda Caliani.
“Em situações de emergência, o estresse dá força extra para você se defender, por exemplo, estimulando você a pisar nos freios em questão de milésimos de segundos para evitar um acidente”, explica.
Porém em excesso, essa tensão deixa de ser útil e começa a prejudicar a saúde, os relacionamentos e a qualidade de vida das pessoas. Se você passa por situações assim, saiba que há formas simples de gerenciar esse estado.
Todas as atitudes que levem a uma boa qualidade de vida são válidas para evitar que o estresse se instale, segundo a Dra. Maria Fernanda Caliani. “Aqui entra aquele discurso clássico que a maioria dos médicos orienta nas consultas: dormir bem, ter momentos de lazer, praticar atividade física, ter uma alimentação saudável e balanceada. Todas essas medidas reduzem os níveis constantes de adrenalina, que em excesso, pode desencadear o estresse”, explica.
A psiquiatra lembra, entanto, que ajuda profissional pode ser necessária quando a pessoa não consegue controlar o nível de estresse sozinha.
Para a psicóloga Selma Bordin, o gerenciamento de estresse pode ser feito seguindo as seguintes etapas:
Etapa 1 – Adequando a demanda
Segundo Bordin, o objetivo é nos mantermos dentro da faixa em que o estresse é positivo. “Ele não pode ser de mais, nem de menos. Pouco estímulo ou demandas também é prejudicial. Sabe aquele domingo em que você tem uma única coisa a fazer? Você enrola o dia inteiro e não faz. Daí o ditado ‘se tiver que pedir algo a alguém, peça a quem estiver ocupado’. Isso acontece porque a demanda não é suficientemente estimulante. Quando o estresse é de menos precisamos dizer mais ‘sim’ para os desafios. Quando for de mais precisamos dizer mais ‘não'”, explica.
Etapa 2 – Aumentar a resistência
“Nosso organismo é praticamente o mesmo do organismo do homem primitivo. Mas os estressores (fatores causadores do estresse) são completamente diferentes”, lembra a psicóloga. E portanto a nossa reação de enfrentamento envolve mudanças em nosso corpo e fisiologia. “Quando corríamos do leão, milênios atrás, os hormônios lançados em nossa corrente sanguínea eram consumidos. Hoje enfrentamos os leões em nossas cadeiras”, comenta. “Por isso, praticar atividade física é tão importante, pois quando feita regularmente ela equilibra o que o estresse desequilibrou”, explica Bordin.
Ela ainda cita alimentação saudável para repor nutrientes fundamentais, sono, descanso e afeto positivo, que ajuda na proteção física e mental dos efeitos danosos do estresse.
Etapa 3 – Trabalhando características pessoais
Muitas pessoas induzem em si um alto nível de estresse: as mais competitivas, perfeccionistas e apressadas. As que têm dificuldade de dizer não ou de negociar sofrem muito com as consequências danosas do estresse. Sentem-se frequentemente culpadas e devedoras. Portanto, trabalhar essas características e não se cobrar tanto pode ser de grande ajuda, segundo Selma Bordin.