Mofo, salas alagadas, aparelhos e portas quebrados, materiais expostos, comidas estragadas, calor, filas imensas, falta de profissionais, insegurança. Esses são alguns dos problemas encontrados nos postos de saúde administrados pela Prefeitura de Salvador. Servidores municipais da saúde denunciaram as condições de trabalho as quais são submetidos todos os dias.
Uma técnica de Enfermagem, que não quis se identificar, trabalha no 6º Centro de Unidade Básica Rodrigo Argolo, que atende às comunidades de Beiru, Tancredo Neves e Cabula, e contou que somente duas pessoas estão atendendo na Sala de Vacinação da Unidade, mesmo durante a campanha de vacinação contra a gripe, que acontece desde o início do mês de abril. “Por só ter nós duas aqui pra atender esse mundo de gente, várias pessoas xingaram a gente, ameaçaram acabar com a gente e não tinha um segurança para nos proteger. Trabalhamos em risco”, acusou a técnica.
Segundo a coordenadora de Saúde e Aposentados do Sindicato dos Servidores da Prefeitura de Salvador (Sindseps), Ligia Brito, no dia nacional da campanha de vacinação, 20 de abril, os profissionais do 6º Centro de Saúde vacinaram adultos, crianças, gestantes e portadores de doenças crônicas, sem uma gota d’água para consumo e higienização das mãos. “Também não foram distribuídos os tickets para que os profissionais se alimentassem e somente foi distribuído um kit com um pacotinho de biscoito de 20 g e uma caixinha de suco de 200 ml. Isso é um absurdo, uma falta de respeito! Eles trabalharam o dia inteiro, das 8h às 17h, e ainda receberam como resposta que eram obrigados a estarem ali e pronto! Por um acaso, os servidores municipais de saúde se tornaram escravos da gestão? Onde está a humanização do SUS?”, questiona Ligia.
Com o filho recém-nascido no colo tomando nebulização no 6º Centro, Marcos Santos, reclama da estrutura ruim e da demora no atendimento. “Aqui está uma porcaria, a sala é quente, o ar condicionado está quebrado e meu filho, que está cansando e sem conseguir respirar direito, teve que esperar mais de duas horas para receber atendimento. Outra coisa que está triste é a situação dos banheiros. Dois estão fechados e o que está aberto está em péssimas condições”, reclama Santos.
A coordenadora, dentre inúmeras denúncias, aponta que a Unidade de Saúde da Família de Alto das Pombas só está oferecendo vacinas para adultos, “por falta de profissionais qualificados para imunizar crianças”, sendo que, segundo ela, os técnicos e enfermeiros são preparados para todo o trabalho; e que na Unidade de Saúde da Família do Calabar, os servidores reclamam, entre outras coisas, da ausência ou do atraso frequente do gerente e contaram que a sala de vacinação ficou fechada no último dia 12 pela falta de profissionais capacitados.
“Estamos recebendo inúmeras denúncias dos servidores das mais de 147 Unidades Básicas de Saúde e vamos continuar fiscalizando a situação de trabalho nesses postos, para que todos saibam como esses profissionais estão sendo desrespeitados pela Prefeitura de Salvador e a realidade mude”, ressalta Ligia. A coordenadora ainda informa que, no dia 7 de maio, às 8h, todos os servidores da gestão municipal estão convidados para Assembleia Geral, que será realizada em frente a Secretaria Municipal de Saúde, localizada no bairro do Comércio. “Será debatida a campanha salarial 2013, com destaque para a implantação do Plano de Cargos e Vencimentos (PCV) e de assistência saúde para todos, e a valorização da categoria. A participação de todos os servidores municipais é muito importante e essa assembleia é com indicativo de greve”, finaliza.
ASCOM
Márcia Rocha