A falta de organização gerencial na administração da Guarda Municipal de Salvador (GMS) poderia ter feito mais uma vítima fatal. Um irmão de farda foi ferido pela ousadia dos bandidos, na manhã deste domingo (29). O guarda municipal Luciano Suzarte foi emboscado por um casal de marginais, que fizeram uma abordagem na entrada de seu posto de trabalho, no Espaço Cultural Barroquinha, no centro da capital baiana.
Ao sentir-se acuado e sem possibilidades de reação enérgica, pois não possuía qualquer tipo de equipamento ou armamento paral tal procedimento, o GM tentou defender-se em luta corporal com o homem que desferia golpes de faca contra seu corpo, enquanto a mulher tentava bloquear suas ações defensivas.
O ataque em direção ao GM Luciano só não foi letal, por conta de sua postura ao defender-se dos golpes. A perfuração na altura da clavícula não foi mais profunda, porque a vítima colocou o ante-braço na frente durante a covardia dos marginais. Socorrido ao 5º Centro de Saúde pelo GM Giovanni, onde foi medicado e liberado após procedimentos médicos feitos para garantir o seu estado de saúde, o guarda municipal foi levado para sua residência.
A situação vivida pelo GM Luciano é uma prova da falta de proteção imposta aos GM’s em seus postos de trabalho na cidade. Assédio moral, ataques violentos e tentativas de homicídios são potenciais crimes contra a vida dos guerreiros e guerreiras. Tudo isso acontece sob a insensibilidade e inércia da gestão da Guarda Municipal. Se o GM Luciano tivesse equipado com o aparato necessário para a atividade de segurança, os momentos de terror vividos por ele poderiam ser evitados e a marginalidade não seria audaciosa.
Infelizmente, a administração da Guarda Municipal foge do seu papel de esclarecer os verdadeiros motivos do sucateamento da instituição. Essa coragem de assumir que o órgão precisa de restruturação tem faltado nas instâncias superiores. A incompetência latente não permite a eficiência gerencial, muito menos os avanços necessários para a respeitabilidade que a GMS deve ter na sociedade.
A falta do porte de arma, a péssima estrutura da sede, viaturas sem adequação para a atividade de segurança, insuficiência de armamentos, fardamento ruins e poucos coletes são alguns dos motivos que aumentam a indignação da Família Azul-Marinho. Além disso, a “farra do Copes” continua sendo alvo de críticas e constrangimentos entre os guardas municipais. O resultado desta receita indigesta é a frágil condição do GM nas ruas e nos postos de trabalho.
Nossa reação será firme e coletiva. No próximo dia 16/07, às 09h, todos os GM’s devem comparecer na sede do órgão, na Avenida San Martin. Neste encontro deveremos tomar posicionamento mais contundente contra o descaso da gestão da Guarda Municipal. Recomendamos que todos venham fardados para que juntos mostremos a unidade na luta. Não somos “grupamentos”, somos um só corpo que é a “Força Azul-Marinho”.
Os problemas enfrentados pelos guardas municipais no seu labor diário foram motivos de críticas por parte da diretoria do Sindseps. “Lutamos contra a violência, a opressão, a tirania e a morte. Temos tantos inimigos que conseguimos derrotar sempre, mas a incompetência desta gestão tem sido um alvo difícil. Mas, temos a certeza de que conseguiremos êxito neste combate, pois somos guardiões da cidadania. Vamos proteger a nossa instituição daqueles que querem dividir para conquistar. Da mesma forma que cuidamos da cidade, essa família vai defender seus integrantes”, afirmou o diretor Marcelo Rocha.
“A convocação feita pela marca forte do Sindseps tem o objetivo de reunir os guardas municipais para resgatar a instituição. Ver colegas sendo vitimados pela bandidagem é algo que dói em nossos corações e fere a alma. A culpa dessa vulnerabilidade é da gestão que não disponibiliza o aparato necessário para nosso trabalho. No dia 16 de julho, a resposta será eficaz e a gestão sairá da sua posição de conforto a qualquer preço”, prometeu Rocha.