A comunidade do Nordeste de Amaralina é conhecida pela capacidade de mobilização dos seus moradores, comerciantes e lideranças sociais. Um povo ordeiro e trabalhador sempre dedicado a promover o crescimento do bairro. O cidadão faz sua parte e a Prefeitura Municipal parece lembrar do local para cobrar impostos e impor restrições ao desenvolvimento sustentável.
Prova disso é a “parceria” desastrosa da gestão municipal com a construtora Prosper, que após um ano ainda não executou a reforma da Unidade de Saúde Sabino Silva, naquela comunidade. O valor da obra aprovado de R$ 175.841,83 (cento e setenta e cinco mil, oitocentos e quarenta e um reais, oitenta e três centavos) não foi aplicado como previa a autorização.
Esse desleixo administrativo tem tido consequências danosas para o bom funcionamento da unidade de saúde. A estrutura física está comprometida e precarizada, além de sub-dimensionada para os atendimentos realizados no local. Dezenas de servidores municipais se esforçam para garantir que os pacientes sejam atendidos de maneira suficiente. Ironizando o prazo descumprindo, a comunidade se juntou para “comemorar” a data maldita. Até um bolo foi oferecido para celebrar o momento que ilustra a irresponsabilidade da Prefeitura Municipal.
Os trabalhadores lutam para combater essa dificuldade de espaço físico e ainda enfrentam outros desafios, como a falta de material de higiene e limpeza, instalações sanitárias interditadas, climatização deficiente, falta de acessibilidade para cadeirantes e uma clara infestação de ratos e pombos.
O diretor do Sindseps, Josué Santana falou sobre as dificuldades enfrentadas pelos profissionais da Unidade Sabino Silva. Para ele, a falta de gestão na saúde municipal é a principal responsável pelo descaso encontrado. “Não podemos aceitar essa condição, onde existem salas interligadas para procedimentos de curativos e para o serviço de Hiperdia. Não é correto que pacientes hipertensos ou portadores do diabetes com condição patológica suscetível a infecções estejam correndo riscos oriundos da sala de curativos”, afirmou Santana, que também é enfermeiro.
“Outro absurdo que pode parecer até simples, para quem não labora com saúde é visto aqui também. O agente químico para lavagem e desinfecção das mãos fornecido aos profissionais é detergente de lavar pratos. Isso contraria a NR-33 e é um desrespeito com os trabalhadores, pacientes e uma péssima demonstração de zelo com a saúde pública”, concluiu Josué.
Uma situação surreal também acontece na área externa da unidade de saúde e foi denunciada pelo diretor Everaldo Braga. Um criatório de aves é mantido nos fundos do terreno. No local, patos, galinhas, pintos e outros animais são alimentados e abastecidos com um tanque de água parada. Além disso, muito lixo e mato produz um cenário que não é adequado para o serviço. “Um terreno espaçoso que poderia ser aproveitado para aumentar a capacidade de atendimento é usado para criar animais. Enquanto os agentes de saúde dividem um cubículo onde é realizada a vacinação animal, as aves passeiam solenes em uma área enorme. Enquanto esses trabalhadores ficam ao lado da sala de descarte dos resíduos hospitalares com substâncias contagiantes, uma granja ocupa área privilegiada nos arredores”, disparou Braga.
A direção do Sindseps realizará novo ato em defesa da unidade de saúde. Na ocasião, a presença da comunidade, profissionais de saúde e lideranças comunitárias deve aumentar a mobilização. “Reuniremos todos os usuários dos serviços prestados nesta comunidade para protestar em prol das melhorias contratadas com dinheiro público. Esse modelo de gestão perverso não vai prosperar com suas malvadezas com nosso povo. Consideramos este ato legitimado pelos verdadeiros representantes do Nordeste de Amaralina. O cidadão desta localidade é quem melhor representa os anseios coletivos. Daremos total apoio aos moradores e aos nossos colegas na unidade de saúde. “, finalizou Everaldo.