Quando ouvimos falar em saúde mental, logo imaginamos tratamento contra a loucura. Esse entendimento superficial parece ter tomado conta do consciente burocrático da gestão municipal de Salvador. O sofrimento psíquico é algo que deve ser tratado como política pública social integrada. Infelizmente, a alta gestão da capital baiana não compreende este cenário.
A direção do Sindseps esteve reunida com profissionais e usuários do Centro de Atenção Psicossocial Osvaldo Camargo, no bairro do Rio Vermelho, na manhã desta quarta-feira (10). No local, a constatação é grave e configura uma receita macabra assinada pela inércia da gestão municipal. Falta de segurança, higiene comprometida, condições prejudicadas de trabalho e muito sofrimento nos depoimentos reservados de pacientes e trabalhadores.
A presença dos diretores da entidade trouxe novo alento aos profissionais nesta manhã. O discurso unânime sempre tinha uma direção: a falta de zelo da gestão municipal com os CAPS’s em toda a cidade. A falta de segurança é a principal queixa dos trabalhadores. O risco de agressões físicas e sexuais é constante nesta atividade e as dependências das unidades estão vulneráveis à ação dos bandidos durante o dia e a noite. Ainda há restos de piso que são perfuro-cortantes espalhados e os estoques das farmácias viraram alvo preferido de marginais, que visam utilizar os medicamentos para aplicar o golpe conhecido com “boa noite, cinderela”.
O diretor do Sindseps Josué Santana falou sobre a situação do CAPS Osvaldo Camargo. “O medo está estampado nas faces dos trabalhadores desta unidade. Roubos e furtos são constantes neste local de extrema vulnerabilidade. Recentemente, um marginal em fuga invadiu a unidade e um intenso tiroteio quase vitimou servidores e paciente. O trabalho fica comprometido e os pacientes ficam prejudicados em sua reinserção social. Nosso sindicato está tomando a defesa dessa e de outras unidades de saúde mental em nossa cidade”, disse Santana.
Em decisão legítima, a categoria resolveu realizar uma assembleia, no próximo dia 15 de janeiro de 2015, na frente do prédio-sede da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), na Rua da Grécia, no Comércio. A intenção é reunir usuários, familiares dos atendidos e profissionais de todos os CAPS’s da capital baiana. “Vamos para a porta da secretaria e do prefeito para demonstrar o quanto a saúde mental precisa de atenção nesta cidade. Uma sociedade sadia é uma sociedade que trata esse tema com respeito e dignidade. Essa preguiça em garantir unidades seguras, limpas e com condições de trabalho tem prejudicado a missão de ressocialização protagonizada por profissionais qualificados e dedicados. A Prefeitura é culpada por qualquer outro dano à saúde mental em Salvador”, disparou o diretor do Sindseps, Everaldo Braga.
Confira imagens da área do CAPS Osvaldo Camargo: